Acionado por moradores do Bairro Altos da Serra II, em Cuiabá, o Defensor Público responsável pela Coordenadoria de Direitos Humanos da Instituição, Roberto Tadeu Vaz Curvo, vistoriou, na manhã da terça-feira (14), a área de onde cerca de 20 famílias estão sendo desalojadas e a maioria já teve, inclusive, as casas derrubadas.
Conforme o Defensor, será feito um levantamento da situação do terreno, interposta Ação de Interdito Proibitório, bem como agendada uma reunião com a Prefeitura de Cuiabá. “Mesmo que eles estejam irregulares, a Prefeitura não podia ter agido dessa forma, derrubando casas com os móveis dentro, sem uma notificação judicial e nem mesmo uma alternativa para os moradores. Eles são seres humanos”.
De acordo com o porta-voz do grupo, Genison França da Silva, a Prefeitura alega que no local será construída uma escola. “Os fiscais de Ordem Pública chegaram aqui no dia oito com a polícia e começaram a derrubar tudo. Falaram que nem adianta construirmos de novo, pois em dez dias eles vão voltar e derrubar de novo. Até as madeiras eles levaram. Imagina, muitos aqui tinham saído para trabalhar e quando voltaram não tinham mais casa”.
Foi o caso de Letícia Monique Ferreira Soares e Breno Rodrigues Ferreira, que têm dois filhos, um de dois anos e outro de cinco meses e ela ainda está grávida do terceiro. “Saí para trabalhar e quando voltei não tinha mais onde morar. Só não quebraram nossas coisas porque os vizinhos tiraram de dentro de casa. A gente já tem pouco, adquire com muito sofrimento e ainda destroem tudo”, declarou Breno Rodrigues, que mora no local há dois anos.
Outro casal, Mayara Lopes de Souza e José Gustavo Feitosa Cavalcante, disse que só não perdeu a casa, pois estavam dentro dela. “Temos três filhos, um de quatro anos, outro de dois, um de seis meses e ainda estou grávida. Só não derrubaram tudo porque estávamos dentro dela. Meu marido está desempregado, cada vez que eles vêm aqui é um desespero. Se destruírem nossa casa, não temos para onde ir”.
Genilson França contou ainda que muitos moradores perderam sofá, televisão, geladeira e que uma das casas só não foi demolida, pois no local mora uma criança com necessidades especiais. “Nós não queremos brigar, estamos dispostos a fazer um acordo, só queremos um lugar para morar”.
Na oportunidade, o Defensor solicitou o cadastro de todos os moradores que residem na área e a formação de um grupo para acompanha-lo na reunião que irá solicitar à Secretaria de Ordem Pública.
Autor: AMZ Noticias com Gabriela Galvão