A Polícia Federal (PF) prendeu um total de dez pessoas em dez estados, todas sob suspeita de fazerem parte da organização terrorista mundial Estado Islâmico do Iraque e do Levante (Islamic State in Iraq and Syria-ISIS, na sigla em inglês, EI em português). Entre os detidos, um é de Mato Grosso, informou na manhã de quinta-feira (21), em entrevista coletiva, o próprio ministro da Justiça, Alexandre de Moraes.
Além do mato-grossense (que teria feito inclusive juramento de batismo ao EI, célula de terror fortemente atuante na internet e por isso mesmo recheada de jovens), foram detidos potenciais terroristas nos estados do Amazonas, Ceará, Paraíba, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.
O fato confirma suspeitas lançadas pelos norte-americanos em séries de matérias em mídias de alcance mundial, como o jornal New York Times e a rede de televisão CNN, que denunciam há pelo menos quatro anos a existência de ramos de ligação brasileiros com a Al-Qaeda (do qual o EI se originou), espalhados por diversas regiões do país, notadamente na região da tríplice fronteira (Sul) e nos limites entre Mato Grosso do Sul e o vizinho Paraguai.
O líder do grupo -- desbaratado na nomeada Operação Hashtag -- no Brasil, informou o ministro, é de Curitiba (PR) e tem apenas 26 anos.
Como a PF divulgou, o juiz Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara da Justiça Federal do Paraná, foi o responsável pela expedição de doze mandados de prisão temporária por 30 dias, prorrogáveis por mais 30. Assim, dois nomes conseguiram escapar do primeiro cerco da Hashtag. O ministro, porém, informou que esses deverão “ser presos em breve, pois estão em nosso radar”.
O juiz curitibano também expediu outros dois mandados de condução coercitiva e nada menos que 19 outros de busca e apreensão.
Devido à proximidade com os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro -- faltam menos de duas semanas para o início oficial --, o assunto ganhou atenção internacional.
Ainda assim, nem a Polícia Federal e nem o Ministério da Justiça quiseram passar o nome ou qualquer outra informação sobre o suposto terrorista mato-grossense.
Às ligações da reportagem para Brasília, a mesma resposta: “toda informação que poderíamos dar já foi repassada por meio de nota no site da PF e na entrevista coletiva concedida pelo ministro [da Justiça, Alexandre de Moraes]”.
Não quiseram nem mesmo confirmar se os dez presos foram transferidos para Curitiba, de onde partiram os mandados cumpridos ontem.
Estas prisões também chamaram a atenção pelo fato de serem as primeiras feitas sob a égide da polêmica Lei Antiterrorismo, ironicamente sancionada pela presidente afastada Dilma Roussef (PT), presa e torturada em outros tempos pelo Exército brasileiro sob a mesma acusação -- a de ser terrorista.
PREPARAÇÃO -- Segundo as informações da PF, todos os detidos estariam em preparação de atentados e outras ações criminosas, como o atropelamento massivo de pessoas durante uma festa de rua na Cote D’Azur, em Nice, na Riviera Francesa.
Foram envolvidos 130 policiais no trabalho de contraterrorismo, em uma investigação iniciada há três meses. O nome Hashtag é uma alusão à principal maneira utilizada pelos agentes para chegar aos nomes dos supostos terroristas: monitoramento de perfis e páginas de mídias sociais de rede digital, feito essencialmente pela Divisão Antiterrorismo (DAT) da PF.
Todos os presos e investigados fariam parte de um grupo existente nos aplicativos WhatsApp e Telegram chamado “Defensores da Sharia”. Juntos, os planos envolviam adquirir explosivos e armamentos para ações no Brasil e países vizinhos. Uma organização não governamental de atuação humanitária e educacional também estaria envolvida nas maquinações desse grupo.
Autor: RodivaldoRibeiro com DiariodeCuiaba