A Polícia Civil investiga outros episódios de corrupção em nível estadual, envolvendo empresários e agentes políticos. A afirmação foi feita pela delegada Alexandra Fachone, ouvida em juízo na ação penal decorrente da Operação Sodoma, nesta segunda-feira (22).
Sem entrar em detalhes, ela revelou que vários advogados têm buscado a Delegacia Fazendária, onde estão concentradas as investigações, tentando fechar acordos para seus clientes. Já o também delegado Lindomar Toffoli, outra testemunha ouvida, confirmou que os indícios recolhidos durante a investigação apontam para o fato de que o ex-governador Silval Barbosa e o ex-prefeito de Várzea Grande, Walace Guimarães, ambos do PMDB, foram beneficiários do esquema de arrecadação de propinas cobradas de empresários ao longo dos anos.
Terceira pessoa ouvida nesta segunda, Fachone foi arrolada pela defesa do médico Rodrigo Barbosa, filho de Silval, que a exemplo do pai é um dos 14 réus no processo. Ao lado de Toffoli e do delegado Mario Moreno Vera, ela teve uma importante atuação nas investigações das três fases da Operação Sodoma.
Questionada pelo advogado Bruno Alegria, responsável pela defesa de Rodrigo, sobre a prisão dele, ela explicou que o pedido, deferido pela Justiça, ocorreu por conta da suspeita de que havia ocorrido uma invasão ao apartamento do ex-secretário Pedro Elias Domingos de Mello, réu e colaborador do processo.
Fachone ressalta que após a descoberta dos primeiros casos de propina, indícios de outros pagamentos surgiram e atualmente estão sob investigação, inclusive com a possibilidade de novas delações. “É muito comum os advogados procurarem a gente para fazer esses acordos, até mesmo para evitar a exposição dos clientes deles. Eles vão pessoalmente ou nos procuram por telefone”.
Por fim, a delegada ressalta que a participação de todos os réus no esquema está evidenciada após as investigações.
SILVAL - Ouvido antes de Fachone, Toffoli ressaltou em seu depoimento que existem indícios fortes de que Walace e Silval trataram pessoalmente do recebimento de R$ 2 milhões em propina. O pagamento foi feito por duas gráficas que teriam recebido do Estado sem que houvesse a efetiva prestação dos serviços. “O [ex-secretário] César Zílio nos informou que o Walace conversou com Silval como seria o esquema, em que os dois dividiriam o valor”.
Para Toffoli, também arrolado pela defesa dos acusados, não é dever da polícia descobrir em que os recursos desviados foram empregados. “A gente trabalha com provas. Se veio de propina, pouco importa o fim para o qual o dinheiro vai ser usado”, esclarece.
Autor: Glaucio Nogueira com Folha Max