O ex-secretário de Educação do Estado, Permínio Pinto (PSDB), confessou seu envolvimento no esquema criminoso desbaratado por meio da operação Rêmora, em depoimento prestado ontem à juíza Selma Arruda, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá.
O tucano garante que não participou diretamente do esquema, mas que pecou pela “omissão”, uma vez que tinha conhecimento de tudo, e culpou os empresários Alan Malouf – preso na última quarta-feira - e Giovani Guizardi – em prisão domiciliar após ficar sete meses preso.
Permínio confessou que também chegou a ser beneficiado com um percentual dos lucros arrecadados. De acordo com ele, o montante foi utilizado para fazer assistencialismo político, uma vez que tinha a intenção de disputar a eleição de 2016 ou 2018.
“Parte vinha para fazer essa assistência, até pelo fato do meu desejo de ser candidato a prefeito. Mas eu quero deixar claro que nunca participei da divisão do percentual”, disse, aos prantos, ao pedir desculpas à sua família e ao povo mato-grossense.
Apesar disso, disse que não sabe precisar quanto recebeu. Em sua delação premiada, o empresário Giovani Guizardi afirma que o ex-secretário ficava com 25% do que era desviado.
Em seu depoimento, Permínio Pinto, que está preso desde julho, conta que foi procurado pelo empresário Alan Malouf em dezembro de 2014, antes mesmo de ele tomar posse como secretário. Na oportunidade, o empresário teria se apresentado como um dos principais financiadores da campanha de Pedro Taques (PSDB) ao governo do Estado, e ainda afirmou que participou da indicação de seu nome para a Seduc.
Após ser empossado, o proprietário do Buffet Leila Malouf voltou a procurar Permínio. “Ele me apresentou ao Giovani Guizardi, fez algumas ponderações, inclusive que tinha feito investimentos consideráveis na campanha e que precisava ser ressarcido. Nesse mesmo dia, ele e o Giovani me apresentaram um plano para que o Giovani pudesse procurar os empresários prestadores de serviço da Seduc e pedir a eles parte dos seus lucros”, contou o ex-secretário.
Inicialmente, disse o tucano, se mostrou relutante a aceitar a operação com receio de que fosse prejudicado. No entanto, foi convencido após Malouf propor apoio político e financeiro a ele para encarar uma eleição.
“Ele sabia desse meu potencial e se colocou à disposição para coordenar até a eleição que eu pudesse disputar. Meu erro foi a omissão. Eu sabia que o Alan tinha atuado como coordenador financeiro e que além de procurar espaços para prestar serviços ele ia procurar empresários para ser ressarcido”, pontuou.
Apesar de ter conhecimento do esquema, Permínio Pinto garante que não foi o líder do esquema. “Eu não sou líder de organização criminosa, mas também não quero acusar ninguém. Quem organizou isso não fui eu. Eu cometi um grave erro de omissão, de esconder, mas eu não sou líder”, enfatizou.
Questionado se o governador tinha conhecimento do esquema, o ex-secretário garantiu que não. “Eu sabia que ele tinha sido o coordenador financeiro da campanha. E acertei com ele ali mesmo. Errei e fui omisso ao não avisar ninguém. O Alan me dava segurança. Dizia que eu não iria aparecer de jeito algum neste esquema e que se fosse necessário ele assumiria as responsabilidades”, disse.
Permínio se dispõe a devolver o valor que recebeu por intermédio do esquema. Para tanto, solicitou à magistrada que um novo interrogatório seja realizado no próximo ano, uma vez que ele não se lembra do quanto lucrou com o isso.
Permínio Pinto confirmou que o deputado estadual Guilherme Maluf (PSDB) indicou os servidores da Seduc Wander Luiz dos Reis e Moisés Dias.
AMEAÇAS - O ex-secretário de Educação do Estado, Permínio Pinto, afirmou que sofreu ameaças do empresário Giovani Guizardi dentro do Centro de Custódia de Cuiabá (CCC).
As intimidações seriam para evitar que o tucano firmasse um termo de colaboração premiada com o Ministério Público Estadual (MPE) acerca do esquema de cobrança de propina instalado na Seduc.
O fato teria ocorrido quando os dois estavam presos. De acordo com Permínio, o empresário o abordou ao final do banho de sol. Na oportunidade, Guizardi estava com uma folha de papel com uma notícia impressa, cujo conteúdo adiantava que o ex-secretário faria um acordo de delação premiada.
“Você não tem coragem de fazer isso. Você é moleque de fazer isso”, teria dito o empresário ao ex-secretário. Além disso, Permínio disse que na primeira semana em que foi preso um dos diretores da cadeia tentou isolá-lo do contato com os demais detentos.
Ao perceber a situação, o tucano acionou os seus advogados, que de imediato agiram para impedir que permanecesse encarcerado sozinho em uma cela separada dos demais detentos.
Autor: Kamilla Arruda com Diario de Cuiaba