Em Mato Grosso 252 pessoas estão na fila à espera de um transplante de córnea. Os dados são da Secretaria de Estado de Saúde e correspondem até ao início deste mês. No Estado atualmente duas unidades estão habilitadas para fazer transplantes de córnea, sendo elas o Hospital de Olhos de Cuiabá e o Instituto da Visão (Clínica Visionare), estando credenciadas a estas unidades três equipes transplantadoras.
Uma das grandes reclamações para quem enfrenta esta fila é da demora para se realizar o procedimento que segundo os pacientes chega há quase um ano. Tanto que o Ministério Público Estadual por meio do promotor Alexandre de Matos Guedes assinou no dia 2 de fevereiro uma portaria para investigar o caso.
O inquérito civil objetiva coletar informações, subsídios e elementos de convicção para investigar supostas irregularidades na demanda excessiva para realização da cirurgia de transplante de córnea no Estado de Mato Grosso. Segundo o promotor, a decisão embasa em um ofício encaminhado pela promotoria da cidade de Diamantino relatando a vasta fila para tal procedimento. Por isso, segundo o promotor, a necessidade de apurar o número excessivo de pessoas na fila de espera para transplante de córnea.
Daniely Costa Reis conta que o tio está há mais de seis meses à espera da cirurgia de córnea. Ela diz que o tio sofreu lesão no olho após uma infecção. “A espera para quem precisa enxergar é sofrida. Ficamos até felizes quando foi passado que ele precisava fazer a cirurgia. Mas a alegria acabou quando vimos que havia mais de 100 pessoas na frente dele”, disse.
A Secretaria de Estado de Saúde explicou que a doação de órgãos ou de tecidos é um ato pelo qual manifestamos a vontade de doar uma ou mais partes do nosso corpo para ajudar no tratamento de outras pessoas. A doação pode ser de órgãos (rim, fígado, coração, pâncreas e pulmão) ou de tecidos (córnea, pele, ossos, válvulas cardíacas, cartilagem, medula óssea e sangue de cordão umbilical).
A doação de órgãos como o rim, parte do fígado e da medula óssea, pode ser feita em vida. A doação de órgãos de pessoas falecidas somente acontecerá após a confirmação do diagnóstico de morte encefálica. Geralmente são pessoas que sofreram um acidente que provocou traumatismo craniano ou sofreram acidente vascular cerebral (derrame) e evoluíram para morte encefálica.
Levantamento da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos mostra que 2.333 pessoas morreram à espera de um transplante de órgão no Brasil em 2015 – entre elas, 64 crianças. Até setembro do ano passado o Brasil tinha 11.484 pessoas na lista de espera para receber transplante de córnea. Dos 210 elencados em Mato Grosso, 14 eram crianças.
Doação - Para ser um doador, no Brasil, não é preciso deixar nada por escrito nem registrado em documentos. Aquele procedimento antigo de registrar a opção de doador de órgãos em documentos de identificação não existe mais. O essencial para ser tornar um doador de órgãos é ter uma conversa com a sua família. No momento oportuno, eles tomarão a decisão. A retirada de órgãos só acontece após a autorização familiar.
Autor: Aline Almeida com Diário de Cuiabá