Condenado por planejar ações terroristas no Brasil durante as Olimpíadas de 2016, Leonid El Kadre de Melo, de 38 anos, está há quase 40 dias em greve de fome. Ele afirmou para sua mãe, a advogada Zaine El Kadre, que continuará sem comer até conseguir a liberdade.
Ele está preso desde setembro do ano passado na Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Campo Grande (MS). “Ele falou que não é bode expiatório da justiça, que não vai ser mais uma vez injustiçado. Que dessa vez, ou tem a liberdade ou Deus dá para ele”, disse a mãe do condenado.
Zaine El Kadre acusa "maus-tratos" na penitenciária de Campo Grande.
“Ele passou por torturas psicológicas e físicas. No dia 06 de março, foi tirado para o banho de sol, mas o conduziram algemado e o jogaram ao chão. Três pessoas montaram em cima dele, dizendo que era a tal da ‘chave americana’ [tipo de golpe]. Tive acesso ao vídeo das câmeras do local. As imagens mostram que ele não teve nenhum comportamento agressivo”, afirmou.
A advogada disse, ainda, que a penitenciária não segue resolução da Organização das Nações Unidas (ONU), assinada em 1994, que estabelece normas para o tratamento aos detentos.
Segundo um funcionário da Penitenciária de Campo Grande, entretanto, o presídio tem um protocolo de greve de fome, que tem sido seguido à risca.
“Ele está há quase 40 dias em greve de fome. Está debilitado. Tenho um acordo com ele para, ao menos, tomar o soro. Mas não é o suficiente e ele não aceita alimentação sólida. Prefere ficar nessas condições, porque é a única forma de falar ao mundo o que é que a justiça brasileira faz”, disse.
Decisão
A sentença do processo foi finalizada na última quinta-feira (04). O juiz federal Marcos Josegrei da Silva, da 9ª Vara Federal do Paraná, condenou oito pessoas por promover a organização terrorista denominada Estado Islâmico do Iraque, no Brasil.
Leonid El Kadre de Melo, que foi preso em Comodoro (a 644 km ao Oeste de Cuiabá), foi considerado o líder do grupo e teve a maior pena de todos: 15 anos, 10 meses e 05 dias de reclusão. A pena será cumprida em regime fechado. “Nós já estávamos esperando uma condenação, mas que não fosse tão violenta assim. A dele foi quase o triplo dos outros”, disse Zaine El Kadre. A advogada afirma que vai recorrer à decisão.
“A fundamentação do juiz foi bom que ele fez daquela forma, porque ai nós temos uma brecha pra entrar nela e nós vamos recorrer”, disse a advogada.
Outro caso
Leonid é irmão de consideração de Valdir Pereira da Rocha, que também foi preso na operação Hashtag. Valdir foi inocentado, mas antes que estivesse em liberdade foi assassinado no presido Capão Grande, em Várzea Grande, por dezenas de presidiários.
Segundo o delegado Marcelo Jardim, que presidiu o inquérito de investigação sobre a morte de Valdir, a ordem do assassinato teria sido dada porque os presidiários acreditavam que ele era um terrorista, que matava inocentes e por isso não merecia estar ali.
Autor: AMZ Noticias com Midia News