Empresários ligados ao turismo querem moratória para salvar o Culuene

Uma importante reunião para discutir medidas para combater a diminuição dos peixes nos rios de Canarana, principalmente o Culuene, aconteceu na manhã de segunda-feira, 23, no plenário da Câmara Municipal. Os donos de pousadas foram categóricos ao afirmar que o peixe está desaparecendo por conta da pesca predatória e em pouco tempo os turistas não virão mais se nada for feito.

Participaram da reunião donos de pousadas, empresários de caça e pesca, piscicultores, produtores rurais, representantes de ONGs e da Funai, lideranças indígenas, o prefeito Fábio Faria, o presidente da Câmara – vereador Soni e a reportagem do J. O Pioneiro.

Conforme o dono de uma pousada, que trabalha no ramo há 10 anos, sua pousada trabalhou com capacidade lotada na última temporada, mas foi o pior ano de pesca. Segundo ele, metade dos turistas não irão voltar na próxima temporada pela falta de peixe. Ainda conforme esse empresário, os turistas não conseguiam pescar no rio Culuene porque o mesmo estava virado em pindas e espinhéis. Além de não pegar peixe, o anzol só enroscava nas armadilhas. Se nada for feito, ele irá vender a pousada.

O proprietário de uma loja de caça e pesca, falou que o peixe acabou no rio Araguaia e que grande parte da pesca predatória no Culuene é praticada por pescadores profissionais de Barra do Garças, que encontram aqui caminho livre de fiscalização para levarem centenas de quilos de peixes fora de medida. Além de acabarem com o peixe, eles não geram nenhum lucro no comércio local, não comprando sequer uma barra de gelo.

Conforme um produtor rural, se nada for feito, em breve faltará peixe para o consumo dos indígenas do Parque do Xingu, que tem no peixe a base de sua alimentação. O rio Culuene é um dos que formam o rio Xingu, junto com o rio Sete de Setembro. O produtor rural falou também que, além de moratória, é preciso fiscalizar o tamanho das embarcações que cruzam o rio, preservar as nascentes e a mata ciliar para evitar o assoreamento do mesmo.

Várias sugestões surgiram na reunião. Mas em termos gerais, vai ser marcada uma audiência pública ainda neste ano com a participação de Canarana e os municípios da região por onde cruza o rio Culuene, a fim de propor uma moratória por alguns anos nesse rio, permitindo somente a pesca esportiva e o consumo na beira do rio, proibindo o transporte.

Canarana é uma cidade com furte turismo de pesca e a falta de peixe afasta consecutivamente os turistas. O objetivo de uma moratória é repovoar o rio. Mas para que isso aconteça, é preciso a união de todos os municípios, uma lei embasada juridicamente, aliado com conscientização e fiscalização da comunidade local e dos órgãos competentes.

Autor: Rafael Govari com Jornal O Pioneiro