A menos de um ano das eleições, Várzea Grande sofre do mal da falta de uma liderança com força e viabilidade política para enfrentar as urnas.
Atualmente, a cidade vive sobre as sombras da Capital, sem representantes “natos” do segundo maior eleitorado do Estado nos Parlamentos estadual e federal. Com isso, acaba por perder grande chance de conseguir recursos para investimentos em políticas públicas. Resumindo: alguém que lute, de fato, pelos interesses dos moradores.
A falta de lideranças várzea-grandenses é ressaltada pelo secretário municipal de Assuntos Estratégicos Jayme Campos (DEM). Ele avalia que nos últimos anos houve um empobrecimento de pessoas dispostas a participarem do movimento político da cidade.
“É inconcebível Várzea Grande, com quase 200 mil eleitores, não ter um deputado federal”, diz ao . Jayme, que já foi governador e senador, garante que até agora não viu nenhum nome disposto a enfrentar as urnas. Ressalta que alguns parlamentares estaduais obtiveram grande número de votos nas eleições de 2014, mas que não tem base política essencialmente várzea-grandense.
Caso dos deputados Eduardo Botelho (PSB) e Jajah Neves (PSDB). Botelho, presidente da Assembleia, chegou a ser cotado para assumir a prefeitura do município, em uma eventual filiação ao DEM, da família Campos. Além disso, é muito bem quisto pelos eleitores.
Jajah assumiu a vaga na Assembleia com a licença do secretário estadual de Cidades (Secid) Wilson Santos (PSDB). O parlamentar, que é apresentador, chegou a se candidatar a vereador em 2012, mas foi derrotado.
Por falar em Wilson, o ex-prefeito de Cuiabá também tem fortes laços com os eleitores da cidade vizinha. Agora, em uma secretaria estratégica para angariar votos, tende a fortalecer o nome do outro lado do rio.
Outros que atuam na Grande Cuiabá e buscam se fortalecer em Várzea Grande são os deputados Gilmar Fabris (PSD) e Janaina Riva (PMDB).
Preso durante a Operação Malebolge e envolvido na delação do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), Fabris nos últimos anos tem encaminhado parte de suas emendas ao município. Uma delas está sendo utilizada para a reforma do Ginásio Fiotão. O parlamentar deixou a prisão na última quarta (25), após ficar 40 dias atrás das grades.
Filha do ex-deputado José Riva, Janaina herdou grande parte do eleitorado do genitor, que nos 20 anos de mandato conquistou votos nos 141 municípios. No ano passado, a deputada aproveitou a candidatura do ex-colega parlamentar Emanuel Pinheiro (PMDB) para se apresentar, de fato, aos eleitores da região.
O prefeito da Capital é outro exemplo de líder que nas últimas eleições conseguiu conquistar muitos eleitores do município. Agora o legado pode acabar sendo aproveitado pelo substituto no Parlamento, o deputado Allan Kardec (PT). O ex-vereador de Cuiabá terá que mostrar boa articulação e ainda superar o peso do partido, manchado pelos escândalos envolvendo as lideranças nacionais.
Ex-prefeito, Júlio Campos é outro que aos 70 anos ainda mostra vigor e nos bastidores se articula para uma candidatura à Assembleia. Ele, no entanto, estaria sofrendo com a pressão familiar, que o quer longe dos palanques e púlpitos políticos.
Lideranças frustradas
No início desta legislatura, Várzea Grande teve a representação do deputado Pery Taborelli (PSC), que perdeu a vaga após Valdir Barranco (PT) reconquistar os votos na Justiça e assumir a vaga.
Após isso, o coronel da PM sofreu amarga derrota ao disputar a prefeitura com Lucimar Campos (DEM). Foi o segundo mais votado, mas com apenas 20 mil votos. A democrata recebeu mais de 95 mil votos. Longe dos holofotes, pouco provável que Taborelli consiga se viabilizar para 2018.
Nos últimos anos, algumas lideranças acabaram por se afundar em meio a escândalos e acusações de corrupção ou má gestão. Exemplo do prefeito cassado Walace Guimarães (PMDB), que perdeu o cargo em 2015 e hoje tenta se desvencilhar das acusações de participação em esquemas com o ex-governador Silval Barbosa (PMDB).
Autor: Airton Marques com Midia News