Os passageiros do transporte coletivo acordaram, ontem, tendo que desembolsar R$ 0,25 a mais para andarem de ônibus, em Cuiabá e Várzea Grande. O aumento de R$ 3,60 para R$ 3,85 revoltou os usuários, que cobram melhorias na prestação do serviço. Entre as principais reclamações, estão à falta de ar condicionado, falta de limpeza dos coletivos, inexistência de cobertura ou precariedade dos abrigos, atrasos e superlotação nos horários de picos.
Na capital, a análise da planilha de custos das empresas que operam no sistema foi feita e aprovada pelo Conselho Participativo da Agência Municipal de Regulação de Serviços Públicos Delegados de Capital (Arsec), que verificou a necessidade de um reajuste de 5,80% sobre o valor antigo. Situação semelhante ocorreu na cidade vizinha de Várzea Grande, onde o reajuste acompanhou o percentual dado na capital e o valor cobrado é o mesmo.
O principal argumento usado para o majoramento é a recomposição das perdas inflacionárias. Mas, pelas ruas e nos pontos de ônibus, a insatisfação é geral por parte das pessoas que utilizam o transporte para trabalhar, estudar ou para qualquer outra atividade.
A aposentada Elza Saraiva Rocha da Silva, 71 anos, é uma das pessoas que não concorda com o aumento. Ela tem direito à gratuidade, mas lembra que para os demais membros da família, o gasto com o transporte público pesa no orçamento. “É um absurdo porque o salário da maioria dos trabalhadores é pouco para aumentarem tudo de uma só vez. Para uma família, vinte e cinco centavos pesam no bolso no final do mês. Além disso, o transporte não melhorou”, criticou.
Aguardando o coletivo em um ponto que fica na Avenida Dante de Oliveira, Elza Saraiva comentou que é diabética e ontem foi a segunda vez que precisou sair de casa para ir até o Hospital Júlio Muller (HUJM) fazer um exame porque teve que esperar cerca de 40 minutos o ônibus e, quando chegou, o hospital já tinha interrompido o atendimento.
“Agora já faz uns 30 minutos que estou esperando novamente. Mas, sai mais cedo para conseguir o atendimento”, disse enquanto aguardava em um ponto em que a cobertura do abrigo estava praticamente toda quebrada.
O professor e administrator de empresa Fernando Torquato também questiona o aumento. “O valor de R$ 3,85 seria razoável se o serviço fosse de boa qualidade, mas não é isso o que acontece. Pelo que sei a frota de Cuiabá são ônibus que já rodaram em outras cidades do interior de cidades como São Paulo e trazem para cá. Não consigo entender como os administradores (prefeitura) deixam isso acontecer. Os cuiabanos são trabalhadores e mereciam mais respeito”, lamentou.
A Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob) garante que tem intensificado a fiscalização do transporte público, principalmente, em pontos de maior fluxo. Por meio da assessoria de imprensa, o diretor de Transporte do órgão, Nicolau Budib, garantiu que o trabalho é rotineiro. “A equipe vem intensificando as ações para melhor atender as demandas dos nossos usuários, de maneira que elas sejam resolvidas sem maiores contratempos e dentro de um prazo satisfatório. Este acompanhamento assíduo também nos aproxima mais da população, conseguimos dimensionar mais as necessidades dela, melhorando esses atendimentos e resolutivas na esfera do transporte coletivo”.
Atualmente, a equipe de fiscalização é composta por 52 agentes, que atuam fixos e em sistema de monitoramento por meio de rondas pelas regiões da capital e também nas garagens das empresas detentoras dos contratos de prestação de serviços de transporte coletivo da cidade.
“Hoje a população é atendida por uma frota de 369 veículos, sendo 10% de frota reserva, distribuídos em mais de 73 linhas que fazem os itinerários pelos bairros de Cuiabá. Todos os ônibus possuem o sistema de rastreamento via GPS, onde o agente tem acesso de imediato às informações dos itinerários de cada linha, facilitando a fiscalização. Todo o processo é desenvolvido com base nos relatórios dos registros, em que a equipe analisa o melhor mecanismo de resolutiva das demandas recebidas pelos canais de atendimento do município”, esclareceu.
Em relação a lotação no transporte público, ele lembra que o fenômeno não é isolado. "Acontece em horários pontuais, os famosos horários de ‘pico’. Neste cenário, o que não podemos é deixar acontecer é a superlotação, que é uma situação desumana, ferindo os direitos do cidadão”, disse.
Entre as melhorias, a Semob cita a criação das “linhas expressas”, que visam reduzir o tempo de viagem entre os bairros e o Centro da capital, no horário de “pico”. Atualmente, a capital conta com quatros linhas expressas, circulando desde abril de 2017 na região do Coxipó, com linhas nos bairros Pedra 90, Osmar Cabral, Parque Cuiabá, Santa Terezinha. Com as linhas em circulação, o tempo de percurso das viagens já foi reduzido em até 60%. A previsão e que mais uma linha seja implantada neste ano.
Reclamações podem ser feitas pelos canais de Ouvidoria Geral do município, disponibilizado no site da prefeitura (cuiaba.mt.gov.br), onde deve-se clicar no menu Ouvidoria, aba “faça sua denúncia” ou pelo telefone 0800 645 0156. Já na Ouvidoria Setorial da Secretaria de Mobilidade Urbana, a população pode entrar em contato pelo número 0800 645 1517 ou ir pessoalmente ao órgão, localizado à Rua 13 de Junho, 1238 - Centro Sul, atendimento de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.
Autor: AMZ Noticias com Diário de Cuiabá