Quatro pessoas acusadas de sequestro, cárcere privado qualificado e tortura foram presas nesta manhã de terça-feira (27), quando a vítima, um homem de 50 anos, filho de uma procuradora federal, foi resgatado na clínica. Uma irmã dele é apontada como a mentora do sequestro e está sendo procurada para ser interrogada pela Polícia. Os nomes dos presos não foram divulgados.
Foram 25 dias de cárcere privado que M.V.C, ficou internado à força em um centro de recuperação para dependentes químicos de Várzea Grande. De acordo com as investigações da Polícia Civil, a internação foi autorizada pela irmã da vítima que queria ter acesso a uma herança milionária, da qual ele é o inventariante.
Ambos são filhos da procuradora federal Noêmia Costa e Silva que morreu em 2009 vítima de um câncer. O homem foi sequestrado na cidade de Chapada dos Guimarães (67 Km ao norte de Cuiabá), no início de março, por homens que teriam se identificado como policiais e levado à clínica, onde foi internado sem seu consentimento, pois não tem nenhum tipo de dependência química ou outro tipo de doença, que necessite de internação para o tratamento.
De acordo com a advogada Luciene Franco Guimarães, a filha de M. ligou para a tia para saber o paradeiro do pai. Mas ela negava ter informações sobre irmão. Uma denúncia foi feita na ouvidoria do Ministério Público e o desaparecimento foi registrado em boletim de ocorrência, que passou a ser investigado pela 1ª Delegacia de Polícia, em Várzea Grande.
Segundo o delegado Bruno Lima Barcellos, a irmã da vítima, assinou a documentação para internação, e junto aos proprietários da clínica estariam forçando o homem a assinar autorização de pleno acesso a uma conta judicial administrada pela vítima e outros bens, que estariam avaliados em milhões de reais.
“Estamos apurando essa informação”, disse o delegado. “Foi a irmã que assinou o contrato de internação e autorização para internação contra a vontade dele (vítima) e da família (filha) e da advogada dele”, completou Barcellos.
Luciene conta que o cliente foi atendido por psiquiatras que receitaram medicamentos para a vítima tomar durante o período de cárcere. “Ele diz que quando dava jogava fora o remédio e que ficava preso dentro de um quarto”, relata. Liberado de clínica, o homem prestou depoimento à Polícia Civil nesta terça-feira.
Para o delegado, caso não houvesse a intervenção a vítima possivelmente seria morta. “A família o procurou na clínica, ora falavam que ele estava internado ora que tinha saído. A vítima estava incomunicável, não recebia ligação e também não fazia. Ficava lá sem que ninguém soubesse o paradeiro dele, a não ser a irmã”, finalizou o delegado.
Autor: Valquiria Castil com Gazeta Digital