Um levantamento realizado pelo Conselho Indigenista e Missionário (Cimi) apontou que Mato Grosso registrou oito casos de violência contra o patrimônio em terras indígenas ao longo do ano de 2017.
O relatório "Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil" é publicado anualmente pelo Cimi e, no Estado, apontou denúncias de invasões nas terras indígenas Capoto, Sangradouro, Nambikwara, Panará do Arauató, Apiaká-Kayabi, Parque indígena do Xingu, Kawahiva do Rio Pardo e Kanela.
De acordo com o relatório, as terras citadas são as poucas que ainda contam com recursos naturais e mata, tornando-se alvo de pessoas ligadas a exploração madeireira, hídrica e plantio de soja.
No ano passado, em todo o país, foram registrados 96 casos de invasões, danos ao patrimônio e exploração ilegal de recursos naturais, conforme a publicação. Os casos mais citados foram de invasões, desmatamento, destruição de patrimônio, contaminação de rio e por agrotóxico, queimadas e incêndios.
Casos de violência - Mato Grosso aparece também na lista de estados que registraram homicídio culposo contra povos indígenas. Foram citados quatro casos no documento, todos de mortes por atropelamento em rodovias, ocasiões em que os motoristas não prestaram socorro às vítimas.
Ainda de acordo com o levantamento, o Estado registrou quatro casos de racismo e discriminação étnico-culturais contra indígenas. O Cimi destacou, ainda, um assassinato ocorrido em Cuiabá. O crime ocorreu em julho de 2017, no Bairro Primavera 3, quando José Luiz Tawate foi atingido por vários tiros ao sair de casa para levar amigos até a rodoviária da Capital.
O atirador fugiu em uma moto. O filho da vítima assumiu a direção do carro para levá-lo ao hospital, mas o combustível acabou antes que ele chegasse à unidade de saúde.
Terras sem regularização - O documento divulgado em setembro deste ano aponta um aumento em 14 dos 19 tipos de violência sistematizados aos quais os índios estão sujeitos e destaca a apropriação das terras indígenas como um dos principais vetores da violência. Conforme o relatório, Mato Grosso conta com 22 terras reivindicadas pelas comunidades indígenas em 19 municípios, sem que nenhuma providência administrativa tenha sido tomada para garantir a sua regularização.
Há terras indígenas que ainda aguardam serem reconhecidas em municípios como Tangará da Serra, Comodoro, Peixoto de Azevedo, Juína e Guarantã do Norte, de acordo com o relatório. Para que a terra seja definitivamente reconhecida, é preciso passar por várias etapas que vão desde o processo de demarcação até o registro pela União. Segundo o Cimi, no Brasil, 63% das áreas indígenas ainda não foram registradas.
Autor: Redação AMZ Noticias