Após ganhar relevância nas redes sociais e atrair atenção do Conselho Tutelar da Criança e do Adolescente, que interveio, levando a denúncia ao Ministério Público Estadual, o caso das estudantes vítimas de assédio sexual no IFPA (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará), em Parauapebas, viveu um novo capítulo nesta quarta-feira, 24.
A manhã foi agitada, com a presença do reitor Cláudio Alex Jorge da Rocha, em Parauapebas. Ele se reuniu com estudantes e servidores a fim de buscar saída para a denúncia feita contra Rubens Chaves Rodrigues, diretor do instituto no município, acusado de assédio sexual a diversas estudantes adolescentes.
De acordo com o reitor, ele não vai permitir que a situação continue e será implacável contra o assédio, que ele qualificou como “abominável”. Alex, entretanto, reconhece não poder sair demitindo pessoas apenas baseado em uma acusação. “É preciso que se apure de forma responsável. Mas, daremos garantia de que este instituto possa ser visto como ele é: um lugar de formação de cidadãos com qualidade”, disse o reitor, recomendando que a comunidade acompanhe o desenrolar do caso.
De acordo com a petição apresentada pelo Conselho Tutelar ao MP, o reitor afastou o acusado, Rubens Chaves Rodrigues, da função e também das dependências do instituto. Porém, ao nomear uma diretora substituta, Tábata Araújo, encontrou resistência de alguns alunos e servidores que dizem entender ser necessário uma eleição direta ou nomeação de comissão para decidir a respeito da escolha de quem dirigirá o instituto interinamente até o mês de março.
Sobre o caso - De acordo com informações do Conselho Tutelar, estudantes adolescentes vinham sofrendo assédio sexual por parte do diretor do IFPA, que oferecia negociação de notas ou promessas de outros favores, situações que não eram denunciadas porque as vítimas não acreditavam que providências fossem tomadas, assim, apenas seriam alvos de represálias.
No entanto, ao tomar conhecimento, o coordenador do Conselho Tutelar, Neil Armstrong da Silva Soares, foi ao local e conversou com as adolescentes e outras testemunhas. De acordo com o conselheiro tutelar, diversos casos como esses circulam em silêncio pelos corredores de escolas e ganham força em salas fechadas, onde ocorre troca de favores entre adolescentes e professores.
“Tivemos o cuidado de ouvi-las no local, para não as expor ao constrangimento ou de não serem coagidas a não comparecer ao conselho”, explicou Neil, detalhando ainda tê-las encaminhado à Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), para que fosse instaurado inquérito policial. Ao mesmo tempo, a denúncia foi feita ao Ministério Público Estadual e, imediatamente, acatada.
Isso, segundo ele, é motivo para que sejam abertas investigações em diversas escolas, para que se garanta o direito das crianças e adolescentes. “Não é fácil transpor barreiras como esta, pois, muitos se protegem enquanto outros se calam”, lamenta Neil, dizendo acreditar que, assim como este caso, outros serão denunciados e os envolvidos punidos.
Autor: AMZ Noticias com Zé Dudu