A mãe de Vitor Hugo deve esperar até a próxima segunda-feira para conseguir atendimento especializado em Goiânia, após o filho sofrer agressão física na Escola Princípios, em Barra do Garças. Segundo Deborah Bertini, ninguém esclareceu os fatos ocorridos na última terça-feira (23), quando encontrou seu filho desorientado e vomitando sangue dentro da escola. Em entrevista ao Semana7, a direção afirma que o ocorrido foi um “acidente”.
De acordo com o relato de Deborah, ela foi chamada pela direção para pegar o filho, que estaria passando mal. Mas quando chegou a escola, se deparou com o menino muito machucado e visivelmente desorientado. Ela alega que Vitor Hugo, de 11 anos, não respondia. “Não estava desacordado, mas com uma confusão mental muito grande”, contou a reportagem. “No estacionamento da escola, ele começou a vomitar sangue.”
A mãe levou a criança até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e foi noticiada pelos médicos que o filho estava com duas fraturas no rosto e um traumatismo craniano leve. Deborah reclama do atendimento na unidade, pois o médico deu alta ao seu filho naquele mesmo dia. Ela afirma que Vitor Hugo ainda estava desidratado e que, quando saia da UPA, ele voltou a vomitar sangue.
Relatada pela mãe, a opinião do médico que atendeu a criança é que, pela gravidade das fraturas, uma próxima ao olho e outra no maxilar, o menino teria sido agredido. Ela foi orientada a tirar o filho do atendimento público e procurar um médico especializado.
Essa avaliação contradiz a primeira versão da escola, informada por Deborah, de que Vitor Hugo teria sofrido uma queda e batido a cabeça. A mãe avalia que no registro de ocorrência expedido pela instituição, a direção minimiza o caso, quando diz que a briga se tratou apenas de um empurrão praticado pelo colega de Vitor. Ela justifica a teoria dizendo que a coordenadora Vasti Alves Batista, que a acompanhou até a UPA, e o diretor Henieliton Faria Batista são parentes da criança que praticou a agressão.
Segundo o documento, a agressão teria ocorrido, porque Vitor fazia “fofocas” com outros alunos em relação ao colega. A mãe afirma que nunca foi chamada pela a direção por reclamações ao filho.
Deborah reclama que não houve prestação imediata de socorro ao menino e alega ter se sentido coagida na UPA pela coordenadora da escola. Segundo a mãe, Vasti a seguia o tempo todo na unidade, assumindo o diálogo com os médicos e pedindo insistentemente laudos do caso. A funcionária da instituição ainda teria solicitado um documento pedindo que o médico isentasse a escola de qualquer responsabilidade do que viesse a acontecer com o filho.
Deborah afirma que a escola pagou uma consulta e exames com um neurologista de Barra do Garças, mas que inicialmente se recusou a bancar a viagem até Goiânia para o tratamento com um neuropediatra. A instituição teria alegado que nenhum médico fez o encaminhamento do menino a capital goiana.
Ao Semana7, a mãe de Vitor disse que a escola solicitou o levantamento dos gastos, após a viagem, e a instituição veria o que poderia ser feito. Segundo Deborah, nada foi garantido.
A reportagem ligou para o pai da criança que teria agredido Vitor Hugo, mas ele não atendeu. Deborah afirma que o pai chegou a pedir desculpas e se prontificar a ajudar, mas que depois não respondeu a novas tentativas de contato.
Em última ligação do Semana7, a mãe disse que o filho ainda está traumatizado e sofre com tonturas, dores e náuseas. Ela afirma que Vitor reclamou de falhas no movimento das mãos recentemente. Ainda amanhã a família viaja para Goiânia.
Contradição - À reportagem, o diretor da Escola Princípios, Henieliton Faria Batista, afirmou que o ocorrido não se tratou de uma agressão e sim de um “acidente”. Mas no registro de ocorrência da escola, assinado pela coordenadora Vasti, o qual o Semana7 teve acesso, a instituição assume que houve um desentendimento entre os dois alunos.
O documento narra que o agredido teria sido empurrado pelo colega. O diretor também relata o empurrão, mas afirma que o caso já foi solucionado. Um bilhete que está em posse de Deborah, assinado pelo suposto estudante agressor, também reconhece a autoria do fato. No pedaço de papel escrito a mão, o aluno pede desculpas a Vitor.
A escola não quis dar mais detalhes sobre o caso e pediu à reportagem que procurasse o advogado responsável. Sobre a acusação de que a instituição estaria protegendo o aluno agressor, em decorrência de parentesco com membros da direção, Henieliton nega a procedência. A reportagem não conseguiu contato com o advogado até o fechamento da matéria.
Autor: AMZ Noticias com Semana7