Desde a última quarta-feira (19), começou a faltar medicamentos necessários para a realização de anestesias no Hospital e Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá (HPSMC), que fica no Centro da cidade. Com isso, foram canceladas diversas cirurgias eletivas e, em breve, isso pode inviabilizar a realização dos procedimentos de urgência e emergência.
A denúncia foi feita pela Sociedade Mato-grossense de Anestesiologia (Soma), que em nota afirmou que a “situação tende a se agravar ainda mais, tendo em vista que se aproximam as festas de final de ano, quando há uma demanda grande de atendimentos emergenciais”. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) nega a falta dos produtos.
“Há mais ou menos um mês começaram a faltar produtos como antibióticos, que é usado para profilaxia, ou seja, para evitar infecção. No dia 07 de dezembro foi encaminhado um documento dos anestesistas do pronto-socorro para a direção do hospital dizendo que precisariam parar o atendimento porque faltavam medicamentos para anestésicos. No dia 19, a situação se agravou porque não compraram e não houve reposição”, afirmou Diogo Sampaio, presidente eleito da Soma e vice-presidente da Associação Médica Brasileira (AMB).
Diante do quadro, os 37 médicos anestesiologistas, que atuam na principal unidade hospitalar do Estado, foram orientados a não atuarem de forma improvisada e voluntariosa, mesmo que sejam pressionados por colegas médicos, familiares do paciente ou pelos gestores dos hospitais. “Em nome da segurança dos pacientes e tranquilidade da população de forma geral, a Soma espera que a situação se normalize o mais rapidamente possível e está à disposição dos órgãos competentes para ajudar no que for necessário”.
Sampaio explicou que a suspensão das cirurgias eletivas foi feita para garantir a realização dos procedimentos urgentes. “Ante(Ontem), tinham seis ampolas de ‘propofol’, que induz a anestesia geral, sendo que a gente utiliza mais ou menos um frasco desse por paciente”, citou. “Precisa ser resolvido para pelo menos garantir o atendimento de urgência e emergência”, cobrou.
Conforme Sampaio, a intenção também é alerta a população. “Em virtude, inclusive, das festas de fim de ano que vêm chegando e do aumento da demanda neste período por conta do uso (incorreto) de fogos e acidentes automobilísticos podendo haver uma quantidade maior de demanda cirúrgica no pronto-socorro que é a principal referência no Estado em emergência e urgência e não ter anestésico para realizar os procedimentos”, alertou. “O que a gente quer é o básico que é a garantia da saúde e de atendimento à população. Se não for feito nada nas próximas horas não ter produtos para cirurgia de urgência e emergência”, reforçou.
Por meio de nota, o secretário municipal de Saúde, Luis Antonio Possas de Carvalho afirmou que a informação da Soma não é verídica. Segundo ele, há bastante tempo o pronto-socorro vem trabalhando com um estoque baixo de anestesias, mas que em momento algum deixaram de realizar cirurgias, tanto de urgência e emergência, quanto eletivas devido à falta do produto.
O secretário informou também que já havia determinado uma grande compra de anestesias para o início de janeiro, uma vez que nesta época as indústrias já estão fechadas e não fazem entregas. Ele afirmou ainda que a motivação da Soma “em divulgar estas informações inverídicas se dá pelo fato da Secretaria ter feito recentemente uma repactuação do contrato da empresa com o Hospital São Benedito, onde conseguiu um valor quase 20% menor do que o anterior”.
Além dos relatos dos profissionais que atuam no hospital, Diego Sampaio, no entanto, afirma que tem toda a documentação comprovando a falta dos produtos. Sampaio, por sua vez, lamentou a nota e afirmou que a associação não tem viés financeiro, mas sim técnico e em defesa do profissional.
Autor: AMZ Noticias com Diário de Cuiabá