Cerca de 50 estudantes ocuparam a Escola Estadual Nilo Póvoas, no Bairro Bandeirante, contra seu fechamento após votarem em assembleia geral na tarde dessa segunda-feira (10). Eles instalaram no portão da escola uma faixa escrita "Ocupado". Atualmente os estudantes da rede estadual estão de férias.
Em janeiro, a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) informou que iria fechar a escola por não haver demanda suficiente. A decisão busca “otimizar os recursos financeiros, potencializar os espaços, melhorar a estrutura física das unidades e a demanda do atendimento aos alunos”.
Segundo um dos líderes do movimento, de 15 anos, que não quis se identificar, os alunos não aceitam a justificativa apresentada pela Pasta. “A secretária [de Educação] Marioneide simplesmente decidiu que iria fechar a escola por motivos que não batem. Então a gente decidiu não ouvir essas desculpas e decidiu lutar. A gente só vai sair da escola quando a Marioneide disser que não vai mais fechar a escola”, afirmou o adolescente.
A ocupação é organizada por uma comissão de cinco líderes eleitos pela assembleia e não conta com a participação de professores. De acordo com o grupo, alguns professores dão apoio à luta, mas não se envolvem diretamente. O movimento argumenta que os dados apresentados pela Secretaria não levam em consideração que o prédio também abriga mais duas escolas, a Nova Chance e Barão de Melgaço. A primeira atende detentos na modalidade de Educação de Jovens e Adultos e a Barão de Melgaço de ensino fundamental.
“Não é só a Nilo Póvoas que foi fechada, tem a Escola Barão de Melgaço, que a gente sempre faz questão de colocar em visibilidade e várias outras escolas que serão municipalizadas. A Barão já foi acolhida nessa escola há cinco anos e estudantes da Barão já passaram para a Nilo Póvoas”, disse outro aluno, que também preferiu não se identificar.
O grupo também avaliou que a estrutura da escola está em plenas condições e, por isso, teria um plano de apropriação por parte da Seduc. “A estrutura é excelente, é uma das melhores escolas de Mato Grosso. Não temos do que reclamar. A Seduc está de olho grande na escola porque, de fato, é um prédio completo. Eles só querem o prédio para eles”, declarou o adolescente.
Além disso, o adolescente ressaltou que o movimento também luta contra os cortes na Educação e a precarização por parte dos governos estadual e federal. “Hoje, a ocupação não é só pelo Nilo Póvoas, é também uma oportunidade de se posicionar contra os cortes na Educação que o Governo Mauro Mendes tem feito na rede estadual e que isso é um plano do Governo Bolsonaro que tem aplicado no Mato Grosso”.
O líder revelou que, por ser ensino em tempo integral, os estudantes passam muito tempo na escola e a consideram como uma segunda casa.“Para muita gente está sendo um baque porque o pessoal já criou um laço nessa escola. É uma escola integral, é onde você realmente se conecta com todo mundo, é uma escola que vira a sua segunda casa. É impossível uma escola com alunos como esses não se manifestarem ou fazer uma ocupação como essa”, defendeu.
Tentativas de negociação - Conforme o movimento, a Seduc enviou dois funcionários para conversar com os alunos pouco depois da ocupação, ainda na tarde de segunda-feira. No entanto, o líder disse que os servidores tentaram expulsá-los aos gritos. “Primeiro eles vieram de forma agressiva, estavam tentando tirar a gente no grito e na pressão para fazer com que a gente saísse do colégio. Mas a gente falou que não ia sair e deixou-os irem embora”, afirmou. No final da tarde, os homens voltaram dizendo que marcaram uma reunião com a secretária de Educação para o dia 19, contanto que os estudantes desocupassem o prédio, o que não foi atendido. “Tinha essa condição para a gente conseguir uma reunião na agenda tão apertada na secretária. Hoje é dia 11 e a condição era de que a gente saísse de maneira imediata”, disse o estudante.
A liderança também relatou que os estudantes foram recebidos com hostilidade em uma reunião com a secretária adjunta Rosa Maria Araujo Luzardo, após um protesto em frente à Secretaria. “Ela não estava aberta a diálogo de maneira nenhuma. Ela mostrou um gráfico desatualizado de 2013 e disse que a escola vai fechar”. Porém, o movimento garante que está aberto ao diálogo e deseja resolver a situação com a Secretaria.
“Mas a gente está aberto ao diálogo, a gente quer conversar. Mas não existe nenhum argumento plausível para o fechamento de uma escola na situação da educação de Mato Grosso hoje”, afirmou um dos líderes. A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Pasta, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria.
Autor: AMZ Noticias com Midia News