Em um clima descontraído neste domingo, dom Odilo Scherer cumprimentou as dezenas de jornalistas brasileiros e de diversos outros países que se acotovelavam na entrada da igreja: "Que maravilha, veio muita gente hoje". Ele comentou ainda o grande interesse que a presen�a dos cardeais em Roma tem despertado no mundo.
Assim como dom Odilo, cada cardeal fica como titular de uma igreja na capital romana e, neste fim de semana, vários deles est�o celebrando missas na cidade.
Tempos difíceis
Durante a missa, celebrada em italiano, dom Odilo mencionou os tempos difíceis vividos pela Igreja Católica. "Convido a orar para a Igreja fazer bem sua miss�o nesse tempo. Seguramente um tempo difícil, mas também alegre".
Em um serm�o que durou 22 minutos, ele ressaltou a import�ncia da reconcilia��o com Deus e do perd�o ao próximo. "Tem muita gente que vive como se Deus n�o existisse ou n�o tivesse import�ncia", disse.
No momento da missa em que s�o colocadas as inten��es das ora��es, foi pedido que todos rezassem "pelos cardeais que v�o eleger o papa para que sejam iluminados pelo Espírito Santo" e� "pelo papa emérito Bento 16, que guiou o povo de Deus com caridade".
Antes de encerrar a celebra��o, o cardeal chamou � frente do altar um casal de italianos que completava 70 anos de matrim�nio. "Há 70 anos eu n�o tinha nem nascido", brincou dom Odilo.
Maria e Carmine Persighetti, ambos de 89 anos, se disseram surpresos e felizes com a oportunidade de ter o sacramento do matrim�nio renovado por um cardeal cotado com chances de se tornar papa. "É uma honra muito grande", disse Maria, emocionada.
Crise
A elei��o do novo papa acontece em meio a uma crise de credibilidade que afetou parte da Cúria Romana. Até a defini��o da data do início do conclave - que será em 12 de mar�o -, passaram-se oito dias desde a saída oficial de Bento 16, em 28 de fevereiro.
O agora papa emérito justificou a sua renúncia alegando estar com a saúde fragilizada. No entanto, um dossi�, elaborado a pedido de Bento 16 para investigar casos de corrup��o e nepotismo no Vaticano, teria tido influ�ncia na decis�o dele. O relatório também identificou os diferentes grupos que disputam poder na cúpula católica e um esquema de chantagem contra clérigos homossexuais.
A demora, ent�o, para definir a data do conclave se deveria � exig�ncia por parte de alguns grupos de cardeais em ter acesso ao dossi�. O Vaticano, porém, negou com veem�ncia que esse tivesse sido o motivo. Nas coletivas de imprensa, Lombardi afirmou diversas vezes que os cardeais n�o estavam com pressa por se tratar de um processo que exigia reflex�o.
Na ter�a-feira (12), haverá apenas uma vota��o � tarde. Nos demais dias, est�o previstos dois escrutínios pela manh� e outros dois � tarde. Se n�o houver defini��o após quatro dias, no quinto é feita uma pausa para ora��es. A vota��o é retomada com uma nova rodada no dia seguinte e segue até o 12�, com pausas no sétimo e no décimo dias. Após 12 dias e 34 vota��es, o sistema muda e a escolha passa a ser entre os dois mais votados.
Como é a vota��o
N�o há uma previs�o de quanto tempo o conclave poderá durar até sair o novo nome que liderará a Igreja Católica. Em 2005, o conclave que escolheu Bento 16 foi bastante rápido: em apenas dois dias, chegou-se a um consenso sobre o novo pontífice.
O Colégio de Cardeais, composto por aqueles com menos de 80 anos, tem 115 integrantes. Para ser eleito, é necessário receber dois ter�os mais um dos votos, equivalente, neste caso, a 77 votos favoráveis.
Entre os eleitores est�o cinco brasileiros: dom Odilo Scherer, dom Raymundo Damasceno, dom Cláudio Hummes, dom Jo�o Braz Aviz e dom Geraldo Majella.
Se nenhum cardeal receber os dois ter�os dos votos, as cédulas s�o queimadas, uma fuma�a preta sai da chaminé da Capela Sistina e a vota��o é retomada.
Autor: UOL