Se a renovação de nomes na Assembleia Legislativa de Mato Grosso foi de pouco menos de 50% para 2015, a representatividade parlamentar geográfica indica o fortalecimento de algumas regiões em detrimento de outras.
Conforme levantamento, a Região Norte e a Grande Cuiabá permanecem fortalecidas, por exemplo, enquanto o Vale do Araguaia, mais uma vez, não tem nenhum deputado eleito.
Nesta legislatura, o único representante, do município de Barra do Garças, foi o suplente de deputado, Adalto de Freitas (SD), o Daltinho.
Com Mauro Savi (PR), Wagner Ramos (PR), Janaína Riva (PSD), Zé Domingos (PSD), Pedro Satélite (PSD), Saturnino Masson (PSDB), Oscar Bezerra (PSB), Baiano Filho (PMDB), Romoaldo Júnior (PMDB), Silvano Amaral (PMDB) e Dilmar Dal’Bosco (DEM), o Norte passou de 10 para 11 deputados.
Apesar de permanecer com o mesmo número de seis parlamentares, a Região Metropolitana ganha um representante de Várzea Grande, o vereador e Coronel da PM, Pery Taborelli (PV), e se fortalece com a entrada do ex-prefeito de Cuiabá, Wilson Santos (PSDB).
Além destes dois, o atual deputado Luiz Marinho (PTB) é “substituído” pelo irmão, o novato Eduardo Botelho (PSB). Ainda compõem a bancada “cuiabana”, os reeleitos Walter Rabello (PSD), Guilherme Maluf (PSDB) e Emanuel Pinheiro (PR).
Também mantém o mesmo número de parlamentares a Região Sul. São cinco, sendo apenas um novato, o ex-prefeito de Jaciara, Max Russi (PSB). Zeca Viana (PDT), Zé do Pátio (SD), Sebastião Rezende (PR) e Nininho (PR) completam a lista de representantes do Sul.
"Vemos que o Nortão nunca teve tantos representantes como agora. A Baixada, como sempre, tem um número razoável, ainda que alto, uma vez que historicamente já é mais desenvolvida que outros locais. No fundo, essa composição prejudica"
Pouco desenvolvido se comparado a rica Região Norte, que tem como “motor” da economia a produção de monoculturas, o Oeste de Mato Grosso perdeu um deputado e ficou com dois representantes: o investigador da Polícia Civil Wancley Camargo (PV) e o médico de Cáceres, Leonardo Albuquerque (PDT).
O ponto negativo
Analista político e historiador, Alfredo da Mota Menezes avaliou como negativa a nova configuração geográfica da Assembleia Legislativa.
De acordo com o estudioso, o impacto para regiões pouco ou sequer representadas é muito grande e reflete no desenvolvimento delas.
“Vemos que o Nortão nunca teve tantos representantes como agora. A Baixada, como sempre, tem um número razoável, ainda que alto, uma vez que historicamente já é mais desenvolvida que outros locais. No fundo, essa composição prejudica”, disse.
Para Menezes, prejudica pelo fato de o voto pedido pelos políticos nem sempre retornam quando os mesmos são eleitos.
“Um exemplo: eu nasci em Poxoréu, Rondonópolis nasceu de Poxoréu, era um distrito. Acabou o garimpo em Poxoréu, Rondonópolis cresceu e Poxoréu ficou pra trás. Na hora de pedir votos, os candidatos vão em todos os municípios que cercam Rondonópolis. E na hora de devolver o benefício? Não devolvem. Aplicam mais em Rondonópolis. O que esse pessoal eleito pelo Sul fez por Poxoréu esses anos todos? Nada”, analisou.
Sem nenhum representante, o Vale do Araguaia, para o analista, é um dos locais mais prejudicados.
“Historicamente, principalmente depois de Mato Grosso dividido, o Araguaia era uma das regiões importantes. Barra do Garças já teve até senador eleito, governador, deputados... Humberto Bosaipo, Cristino Cortes, Antônio Joaquim, Valdon varjão. E quem está lá dentro de novo? Ninguém”, disse.
"A reforma política tão falada no país já citou o voto distrital como opção. Anos atrás ele estava na crista da onda"
“Por outro lado, e isso é muito comum, vemos políticos que não são da Região, pedindo votos e adotando o local como ‘seu’. Onde o Carlos Bezerra vai buscar votos? No Araguaia, e ele é de Rondonópolis. E não há reação da Região”, completou.
O voto distrital
Para Alfredo da Mota Menezes, uma solução eficaz e que acabaria com as desproporções causadas hoje nas composições da Assembleia Legislativa é a implantação do voto distrital.
“A reforma política tão falada no país já citou o voto distrital como opção. Anos atrás ele estava na crista da onda. Nos Estados Unidos é uma vantagem enorme, por exemplo. E por quê? Porque acabaria com as coligações, com os coeficientes eleitorais, tão prejudiciais por vezes. Copiamos tanta coisa ruim dos Estados Unidos, por que não copiar esse modelo?”, questionou.
“Aqui, nós temos 32 partidos, certo? Com o voto distrital cada partido por região poderia lançar o seu candidato. O mais votado seria o eleito. Neste formato, o que aconteceria com partidos de aluguel? Sumiriam. Além da ausência do coeficiente eleitoral, seria mais barato e o deputado obrigatoriamente prestaria continência à sua região. O voto distrital é viável no Brasil, sim e acabaria com a balburdia dos partidos, com as coligações. Basta querer discuti-lo como solução”, garantiu.
Autor: Mídia News