A frase "Aqui tiraram a minha vida e o meu futuro de médico e pai de família" estampa a placa, que ainda relata como o jovem foi morto. "Tiro na cabeça. Pelas costas. Amarrado. Latrocínio. A 1 Km daqui", diz o cartaz, feito para lembrar um ano da morte do estudante.
Éric foi assassinado por ladrões de carros. O corpo do jovem foi encontrado às margens de uma estrada entre o Distrito de Primaverinha, em Sorriso, e Lucas do Rio Verde, a 420 km e 360 km da capital, respectivamente.
O outdoor foi instalado entre os quilômetros 705 e 706 da BR-163, entre os municípios de Sorriso e Lucas do Rio Verde.
A placa também traz imagens de Éric, incluindo uma em que ele está usando um jaleco, em alusão ao curso de medicina, que o rapaz fazia na Unisul, em Tubarão (SC).
O cartaz também divulga o site criado pelos pais do rapaz, com o objetivo de colher assinaturas para um abaixo-assinado, que pede o aumento do tempo de prisão pelo crime de latrocínio. Até esta segunda-feira (28), haviam sido colhidas 80 mil assinaturas ao todo.
O pai de Éric, o advogado e publicitário Leonildo Severo, de 49 anos, contou que a placa instalada na BR-163 tem o objetivo de divulgar o caso e ajudar na campanha que pede aumento do tempo de prisão para crimes de latrocínio.
“Além de ser uma homenagem ao meu filho, também é um pedido de Justiça. O objetivo é fazer com que as pessoas que passem por ali saibam do crime, acessem o site e contribuam com assinaturas”, explicou.
O objetivo final do abaixo-assinado é colher 150 mil assinaturas até abril do ano que vem. O abaixo-assinado deverá ser entregue à Comissão de Ética e Justiça do Congresso Nacional.
O propósito da família é que as punições mais severas em crimes como o latrocínio se tornem Lei.
“Atualmente, mesmo que o criminoso pegue 30 anos de cadeia, pena máxima, com 12 anos de prisão ele está na rua. Precisamos mudar isso”, justificou Leonildo Severo.
Os últimos dias, conforme ele, foram difíceis para toda a família de Éric. As datas festivas e o fato de o crime ter completado um ano abalaram os parentes do jovem assassinado.
“O Natal foi terrível para a minha família, dois dias depois fez um ano do crime e hoje [28] ainda é meu aniversário. Acumula tudo isso e a gente fica aos pedaços, estamos em pé porque precisamos”, afirmou.
Abaixo-assinado
O site do abaixo-assinado não permite que sejam feitas assinaturas virtuais.Na página, uma folha para assinaturas está disponível para download.
Cada item aceita até 11 assinaturas, que posteriormente devem ser enviadas aos pais do jovem.
“O endereço para onde devem enviar as assinaturas está no site. As páginas podem ser impressas em preto e branco, não tem problema”, disse Leonildo.
“Espero que as pessoas contribuam com assinaturas, precisamos que o Congresso olhe para isso. A gente não vai desistir, é o mínimo que podemos fazer pelo Éric”, concluiu.
Suspeitos presos
Em decisão de novembro, a juíza Rosângela Zacarkim dos Santos, da 1ª Vara Criminal, de Sinop, manteve a prisão preventiva dos três supostos envolvidos no assassinato do estudante de medicina.
A reanálise da prisão preventiva do trio, Márcio Marciano Batista, Rafael Massuco e Acácio Batista, atendeu a um pedido da defesa dos acusados.
Em sua decisão, a magistrada destacou que manter os réus presos é uma forma de garantir a ordem pública.
“A gravidade em concreto dos fatos consistente em latrocínio, supostamente arquitetado por integrantes de quadrilha criminosa da qual os acusados eram integrantes, demonstra a periculosidade elevada e impõe a necessidade da manutenção de suas custódias cautelares”, diz trecho da decisão.
Márcio Marciano e Rafael Massuco dos Santos são apontados pelo Ministério Público Estadual (MPE) como autores do roubo e do assassinato do estudante. Os dois estão presos no presídio Osvaldo Florentino Leite, o “Ferrugem”, em Sinop.
Já Acácio Batista é acusado de ter encomendado a caminhonete para ser vendida do Paraguai. Ele está detido na unidade prisional José Parada Neto, em Guarulhos (SP).
A mulher de Márcio, Kênia Canachiro Dias, que chegou a ficar detida por alguns meses, conseguiu, em julho, o direito de aguardar a sentença em liberdade.
Em julho deste ano, a juíza Rosângela Zacarkim realizou uma audiência de instrução e julgamento do caso.
Na ocasião, foram ouvidos os quatros suspeitos do crime, os pais de Eric, além de policiais militares, civis e rodoviários federais que participaram da investigação e da prisão dos acusados.
No momento, o processo está em prazo de alegações finais e, em seguida, a juíza Rosângela deve sentenciar os envolvidos.
O crime
Eric com os amigos à noite, no dia 27 de dezembro, com a caminhonete do pai. Por volta de 22 horas, ele chegou ao bar Botequim e estacionou o carro ao lado de um poste de luz. Caminhou cerca de 150 metros até o estabelecimento, quando foi abordado por dois bandidos.
Os assaltantes roubaram a caminhonete e percorreram cerca de 100 km com o estudante no carro e, depois, o mataram.
Autor: AMZ Noticias com Midia News