A contratação temporária de novos médicos para suprir a demanda dos grevistas anunciada pelo prefeito Mauro Mendes na última semana está longe de se concretizar. A prefeitura aponta que dos 720 profissionais da rede pública no município, 82 aderiram ao movimento grevista. No entanto, somente 20 profissionais temporários foram substituídos. O preenchimento do quadro, segundo a prefeitura, estaria emperrado pela indisponibilidade de profissionais. No caso de pediatras, por exemplo, não há médicos que se disponibilizem para a vaga.
O Sindicato dos Médicos, durante toda a paralisação, vem falando sobre a falta de médicos na rede pública de saúde da capital. A presidente do Sindicato dos Médicos, Eliana Siqueira, chegou a confirmar que pelo menos cem plantões estariam descobertos no setor de urgência e emergência – e que faltariam pelo menos 40 médicos para suprir as escalas.
O sindicato afirma ainda que muitas escalas de policlínicas estariam vagas. Na Policlínica do Planalto, por exemplo, nas sextas-feiras não há pediatras. O sindicato garantiu ainda que, em muitos postos de saúde da família, faltam médicos há pelo menos seis meses.
A falta de médicos é confirmada pela população. No último mutirão dos médicos que aconteceu dia 20, na Praça Alencastro, Cícero Alves de Souza, do bairro CPA 3, disse que desde o mês de dezembro esperava por uma consulta no postinho do bairro, para mostrar os exames.
A greve dos médicos em Cuiabá ultrapassa 50 dias e tem multa estipulada em mais de R$ 3,3 milhões. O procurador Rogério Gallo confirmou ao Diário de Cuiabá que o município já entrou com uma petição solicitando que o dinheiro da multa diária seja depositado em juízo.
Para a prefeitura, a paralisação é encarada como uma afronta ao Estado de Direito e ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso, e um desrespeito à população, que necessita dos serviços públicos de saúde. A Secretaria Municipal de Saúde deve tomar todas as providências legais e administrativas cabíveis, bem como para punir os faltosos com o corte de ponto.
Para a presidente do Sindicato dos Médicos Eliana Siqueira, a prefeitura não tem aberto o canal de diálogo com os profissionais. Ela diz que o corte de salários não é válido, já que o prefeito dispõe de uma liminar e não de uma decisão final da Justiça. Os profissionais se reúnem hoje em assembleia geral para discutir os rumos da greve.
PARALISAÇÃO - Em greve desde 07 de março, os médicos pedem melhores condições de trabalho e a implantação do piso nacional de R$ 12,9 mil. O piso atual dos médicos concursados é de R$ 3,8 mil. A greve que foi considerada ilegal teve de início multa diária imposta de R$ 50 mil caso os profissionais não voltassem ao trabalho. No entanto, a multa foi aumentada para R$ 70 mil.
Autor: Aline Almeida com Diario de Cuiabá