Mesmo possuindo maior nível de formação em relação aos homens, a renda das mulheres ainda é menor. É o que aponta o estudo do Instituto de Pesquisa Aplicada (IPEA) com a Fundação João Pinheiro (FJP) e com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), divulgado na última quarta-feira. Em Mato Grosso, a renda da mulher fica em R$ 1.047,86 e a do homem em R$ 1.504,03. A renda per capita fica em R$ 746,74 para mulheres e R$ 777,77 para os homens.
Segundo o levantamento que trata do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), em relação à educação, as mulheres à frente dos homens. Os homens representam maior taxa de analfabetos 9,24, enquanto as mulheres representam 8,86. E ainda 10,65 das mulheres têm fundamental incompleto e analfabeto e 10,96 dos homens. Com ensino fundamental incompleto e alfabetizado estão 37,30 das mulheres e 44,35 dos homens. Com o ensino fundamental completo e ensino médio incompleto ficam 15,01 das mulheres e 15,50 dos homens.
A diferença na formação começa a aparecer quando mapeia o ensino médio completo e superior incompleto onde a taxa de mulheres é 24,29 e homens 20,89. No ensino superior completo a taxa de mulheres é de 12,75 e dos homens 8,30.
O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal da população feminina no Estado em 2010 é de 0,709, o que situa essa parcela da população de Mato Grosso na faixa de Desenvolvimento Humano Alto (IDHM entre 0,700 e 0,799). O IDHM da população masculina é de 0,721, que a situa na faixa de Desenvolvimento Humano Alto (IDHM entre 0,700 e 0,799). Em números absolutos, a diferença entre ambos é de 0,012.
O IDHM ajustado à renda do trabalho de mulheres passou de 0,516 em 2000 para 0,602 em 2010 - uma taxa de crescimento de 23,73%, enquanto que o de homens passou de 0,777 em 2000, para 0,819 em 2010, apresentando uma taxa de crescimento de 22,00%.
Em Cuiabá a realidade não é diferente. O rendimento médio da mulher fica em R$ 1.482,53, muito abaixo ao do homem que chegou a R$ 1.998,65. A renda per capita das mulheres é de R$ 1.135,14 e dos homens R$ 1.189,32.
Quando se fala em educação, na Capital, a formação da mulher também é maior que a do homem. A taxa de analfabetismo atinge 4,56 das mulheres e 4,79 dos homens. Com fundamental incompleto e analfabeto aparece 5,48 das mulheres e 5,72 dos homens. Com fundamental incompleto e alfabetizado estão 24,87 das mulheres e 26,93 dos homens. No fundamental completo e médio incompleto estão 15,96 das mulheres e 15,98 dos homens.
O estudo mostra ainda que em Cuiabá 32,06 das mulheres tem o ensino médio completo e superior incompleto e os homens a taxa fica em 31,49. Com superior completo aparecem 21,63 das mulheres e 19,88 dos homens.
A defensora pública Rosana Leite coordenadora do Núcleo de Defesa da Mulher da Defensoria Pública afirma que, mesmo com a diferença através de estatísticas não há compreensão da sociedade em relação à realidade. Segundo ela, muitos acham que as mulheres já conquistaram muitas coisas.
“A discriminação é muito grande. A mulher ainda não tem o respeito da sociedade, tem que firmar sua competência todo o dia. A mulher tem que estudar mais, trabalhar mais, para estar no mesmo lugar que o homem”, diz a defensora.
Rosana frisa ainda que as diferenças podem ser confirmadas na política onde a mulher é maioria do eleitorado, mas ocupa só 9% dos cargos. “Ainda temos as diferenças nos casos de comando ou chefia. Na maioria das vezes, mesmo a mulher estando mais preparada, as vagas são destinadas aos homens. A situação é lamentável”, afirma Rosana Leite.
Autor: Aline Almeida com Diario de Cuiaba