Terca-Feira, 22 de Abril de 2025

Logística assombra produtores e frete se torna o vilão da safra 2017




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O frete da safra agrícola mato-grossense iniciou nesse mês, de forma mais acentuada, sua trajetória de alta e deixando desenhado ainda que essa tendência deve seguir até meados de setembro. A explicação para majoração do transporte da safra é justamente o resultado deste ciclo, que oferta volumes recordes, especialmente ao milho, em plena colheita, Mato Grosso afora.

Até a semana passada, por exemplo, o custo para o escoamento do milho safrinha havia aumentado 137,26% em relação ao mesmo período do ano passado. A chamada relação frete/milho tem sido desequilibrada para o produtor, já que o movimento altista do frete se dá justamente sobre o recuo do preço do milho.

 Conforme dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), no mesmo período em que o frete aumentou mais de 137%, a saca de 60 quilos do milho, no Estado, recuou quase 50%, ao passar de um valor médio de R$ 28,10, em meados de julho do ano passado, para atuais R$ 13,24. Ainda conforme os analistas do Imea, na semana em que o frete variou em mais de 5,18 pontos percentuais (p.p), a cotação da commodity retraiu em 2,05 p.p.

A colheita do milho safrinha, em Mato Grosso, atingiu até o final da semana passada, mais de 60% da área cultiva, mas isso não quer dizer que a produção já esteja escoada para seu destino final na mesma proporção em que foi extraída das lavouras.

 Enquanto os produtores fazem as contas para mensurar o impacto da queda do preço da commodity no bolso, uma outra conta vem assustando e segue em direção completamente oposta ao das cotações, o frete. Analistas acreditam que a alta, pode ter sido apenas engatilhada. Quanto mais essa equação se difere, mais ela compromete a rentabilidade dos produtores, principalmente nas regiões com maior produção, como no norte do Estado e menos desprovidas de acessos logísticos.

De uma estimativa total de produção de 29,53 milhões de toneladas, incremento anual de 54,6% na produção, o Imea aponta que apenas 1,68 milhão tenham sido exportadas. Com a cotação desvalorizada, a estratégia no campo é de reter o produto, até que o preço se torne atrativo ao produtor. O Imea projeta que nesse ano, 16,80 milhões/t deverão ser exportadas até o final do ciclo, no ano que vem.

MAIS CARO - Como também aponta o grupo de pesquisa e extensão em logística da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz (EsalqLog), o mês de junho registrou o início efetivo da colheita de milho nas principais regiões. Dado o aumento na oferta de grãos e expectativa de grande produção, houve maior necessidade de escoamento de milho por haver falta de espaço de armazenamento.

“O preço do milho, pressionado pelo avanço da colheita e pelas projeções de safra recorde, atingiu patamares bastante reduzidos, comprometendo a rentabilidade dos produtores, principalmente nas regiões com maior produção, como em Mato Grosso. Em razão desse cenário de super oferta, o valor do frete atingir preços recordes até o próximo mês de setembro, em função da colheita da segunda safra de milho”. Em Mato Grosso, por exemplo, esse período apontado pela pesquisa da EsalqLog, é marcado pela colheita do milho e do algodão cultivados em segunda safra. Ambas as culturas mato-grossenses ofertam os maiores volume anuais do país.

De acordo com a pesquisa, o preço do frete na “rota de referência entre Sorriso e Rondonópolis”, trecho necessário até que os grãos tenham acesso ao terminal ferroviário, em direção ao porto de Santos (SP), saindo de Mato Grosso, pode ter incremento superior a 35%. Entre os dois municípios, são cerca de 615 quilômetros, que ligam Sorriso, no norte do Estado – maior produtor do cereal – ao modal ferroviário, localizado ao sul de Mato Grosso.

“Esta supersafra de milho precisa sair dos campos e ir para os armazéns das cooperativas e indústrias. Mas a maior demanda será para transporte aos portos, para exportação. Não importa o preço do milho, o cereal terá que sair do país porque aqui não há demanda interna suficiente”, explica Samuel da Silva Neto, pesquisador da EsalqLog.

 


Autor: AMZ Noticias com Diário de Cuiabá


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